quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Como se não tivesse a ver conosco...

Como jornalista, penso que as palavras escritas têm grande força, não somente com um impacto imediato, mas permanecem por gerações. Por isso, procuro, muitas vezes, escrever o que penso e o que sinto. Para mim, parece que tem mais força do que, simplesmente, pensar. No entanto, me arrependo, na maioria das vezes que um pensamento vem a minha cabeça e eu acabo por não colocá-lo no papel. Talvez ele pudesse fazer algum bem para alguém. Hoje, resolvi falar, ou escrever, meu sentimento em relação a algo que vivi.

 

Não que outras pessoas nunca tenham vivido ou sentido algo parecido, mas me senti na obrigação de compartilhar, pois sinto que fiz errado. Sem mais delongas, o que aconteceu foi o seguinte. Estava eu no ônibus e, inevitavelmente (afinal tenho ouvidos de jornalista) ouvi a conversa alheia. A conversa era entre duas senhoras - notoriamente católicas, pelos colares de santos ostentavam - sobre as notícias divulgadas no jornal da hora do almoço. Uma das matérias discutidas foi de cunho realmente chocante. Uma adolescente tentou matar a mãe, porque a genitora não aceitava o namoro.

 

Não é um tema chocante? Mas não é sobre isso que venho discutir nesse momento. Quero falar sobre minha atitude em relação aquelas duas senhoras. No prosseguimento da conversa, ouço algo do tipo: “Isso é falta de Deus”. Até aí tudo bem. Sinto a mesma coisa. Esse mundo está desse jeito por falta de Deus. O problema estava na frase seguinte: “É falta de religião. As pessoas têm que ter religião. Seja qualquer uma”. Cheguei à parte em que eu gostaria de debater com você, leitor.

 

Você (posso chamar assim, não é?), deve estar pensando que é verdade. Que você tem uma religião, que por causa dela, pensa em Deus e, por isso, não comete crimes. Mas me veio à mente naquele momento as religiões que levam as pessoas a matarem umas às outras. Pensei naquelas que fazem com que os indivíduos sofram e aceitem sua condição, entre outras coisas que nos faz entender que religião não é a saída.

 

Naquele momento me deu vontade de entrar na conversa. E é aí que eu queria chegar. Nessa minha atitude. Não sei se você observou que eu falei anteriormente o termo “me deu vontade”. Ou seja, não entrei na conversa. Você pode estar pensando: “Entrar na conversa? Que menina doida! Por que entrar na conversa de outras pessoas?” Mas são essas atitudes que temos na maioria das vezes, quando pensamos que não temos nada a ver com isso, que nem deveríamos estar escutando a conversa alheia. Mas minha resposta a sua indagação é simples. São essas oportunidades que Deus nos dá, que podemos ter a “brecha” para falar sobre Jesus. Sobre Jesus e seu amor. Que não é a religião que salva o homem, mas Jesus.

 

Após a observação daquela senhora, a minha atitude deveria ser cumprir o que o Senhor Jesus nos incumbiu de fazer: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. O mundo não é longe. É o nosso bairro, nossa casa, nossa rua, nosso ônibus...

 

Voltando à minha reação... Passou uma parada, a segunda, a terceira, e aquela idéia de “invadir a conversa” para falar do amor de Cristo por esse mundo e por elas ainda estava em meu coração. Mas lá estava eu. Parada. Igual uma estátua. Sem reação alguma. O meu ponto chegou...

 

Desci do ônibus com um sentimento de arrependimento. Arrependimento porque perdi uma oportunidade maravilhosa de servir a Cristo. E lembrei-me de uma historinha que ouvi e que deveria ser para as crianças, mas “a carapuça serviu” para a jovem aqui. Era sobre missões. Uma menininha que ouviu o chamado de Jesus para ser missionária e que descobriu que poderia começar seu ministério com uma coleguinha de sala.

 

É inevitável imaginarmos que missionários são aqueles que vão para longe pregar a Palavra de Deus. Isso, porém, não é verdade. Cada um de nós é missionário por onde passar. É na escola, no trabalho, na faculdade. Com seu testemunho ou aproveitando as oportunidades para falar de Cristo.

 

Não vamos desperdiçar os preciosos momentos para falar da Palavra de Deus, que Ele nos proporciona. Vamos seguir o “Ide” de Cristo e viver, realmente, aquele louvor: “Não importa o que vão pensar de mim. Eu quero é Deus!”

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