ALGUÉM COMO DANIEL
Senhor, seria ingênuo e ridículo,
Se não fosse tão sincero o anseio.
Mas a quem buscar,
com este coração sensível,
Este corpo frágil,
e esta alma que sonha,
Se não a ti que me conheces,
Pois que me fizeste?
Quero amar alguém,
Senhor, mas alguém.
Que me ajude a chegar
cada vez mais perto de Ti.
Reconheci que a felicidade é relativa,
E proporcional à proximidade Tua.
De que me aproveita ser admirada,
querida por alguém que não te conhece,
que não te reconhece como Senhor,
e amigo verdadeiro?
Quero ser para aquele que te peço,
Uma das demais coisas que lhe acrescentas,
Porque antes te buscou primeiro.
Quero um amor tão forte e duradouro
Como uma prova de que de Ti desceu.
Capaz de compensar minha fragilidade,
Que, tendo como meta à eternidade,
Já na terra seja um pedaço de céu.
Não Te peço um David de Miguel Ângelo,
Nem um Cezar com poder na mão:
Peço-Te um homem verdadeiro,
“que eu possa chamar de companheiro”,
que antes de esposo seja meu irmão.
Quero alguém que eu admire tanto
E que saiba tanto se fazer amar,
Que eu não me importe de diminuir
Para fazer grande o comum porvir
Do qual eu me orgulhe de participar.
Quero-o de joelhos diante de Ti,
Mas de pé diante do mundo cruel.
Que nada tema, senão Te ofender,
Que nada busque senão Teu querer:
No mundo de hoje, um outro Daniel!
Myrtes Mathias
Do livro “Menina sem nome”.